Barqueiros comemora 250 anos do Santuário de N. Sª das Necessidades




A realização das III Jornadas de Barqueiros, no concelho de Barcelos, teve como pano de fundo a comemoração dos 250 do Santuário de Nossa Senhora das Necessidades, ex-libris da terra dos caulinos. Uma conferência e uma exposição sobre o Santuário constituíram momentos altos do evento.

As III Jornadas de Barqueiros foram organizadas pela “Associação Barqueiros Jovem” e tiveram como tema as origens da construção do Santuário de Nossa Senhora das Necessidades e respetiva devoção, já que este ano passam 250 anos sobre a entrada em funcionamento daquele magnífico templo. O arquiteto Carlos Amarante, deixou em 1774 a sua marca ao desenhar o retábulo da tribuna.

Para assinalar este facto decorreu, no próprio templo, uma conferência com António Veiga e Júlio Trigueiros.

A conferência teve como introdução a intervenção do Grupo Folclórico “A Telheira”, de Barqueiros, com a canção “Senhora das Necessidades” e do grupo coral local, que também encerrou a mesma. Depois, seguiram-se as intervenções dos barcelenses António Veiga, que fez um retrato histórico da freguesia e respetivo contexto histórico do nascimento do Santuário e do historiador jesuíta Júlio Trigueiros que de forma clara e objetiva historiou, ao pormenor, a própria construção do edifício, da vida do seu fundador e da própria devoção da imagem da Senhora das Necessidades.

E tudo começou com João Veloso Miranda, nascido em 3 de fevereiro de 1700, e que a partir de 1738 usa o termo “Frei” ao tornar-se Cavaleiro da Ordem de Cristo (e daí o uso do termo “frei”, pois não era monge) que trouxera aquela devoção de Lisboa, do Palácio Nacional das Necessidades, atual sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e, então, propriedade dos padres oratórios.


Pois este barqueirense, após ter regressado da capital e já na sua terra natal é acometido de doença grave e, depois de curado pela intervenção daquela Santa, decidiu colocar a sua imagem num oratório junto da sua casa, em 1746. O milagre espalhou-se rapidamente pelas redondezas; a devoção expande-se com romeiros a chegarem de toda a parte norte; as esmolas são muitas…o que leva a aumentar o espaço: primeiro uma capela e depois o Santuário atual, que demorou 15 anos a construir e que entra em funcionamento com a colocação da imagem no seu interior, em 1762.

Como curiosidade, aquele investigador referiu que em 1799, um devoto natural de S. Cosme, Gondomar, ofereceu o valor de uma junta de bois com a intenção de se fazer um altar de fora do Santuário para dele se ouvir a missa campal.

Em 1802 constroem-se as duas capelas laterais do Santuário, hoje inexistentes, pois foram demolidas em meados do século XX.

A 1 de Maio de 1920, o Arcebispo de Braga, D. Manuel Vieira Matos decretou a passagem da Matriz para o Santuário o que provocou situações de violência entre as Confrarias do Santíssimo e das Necessidades, conflito resolvido em 23 de Dezembro de 1930.

Segundo o historiador Júlio Trigueiros, as armas da Casa de Baçar, de João Veloso Miranda, aparecem, também, numa casa em S. Salvador do Campo, noutra em Criaz, Apúlia, num jazigo do cemitério de Esposende e no interior do Santuário das Necessidades, local onde está enterrado o fundador do mesmo.


24-09-2012 - Correio do Minho

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