Prédio evacuado há três anos já está seguro, sem obras feitas

O mesmo prédio de Barcelos que há três anos foi evacuado pela câmara por alegado risco de ruína, o que obrigou ao realojamento de 34 famílias, foi declarado "seguro" esta sexta-feira, sem que entretanto tenha sofrido qualquer intervenção.


O prédio, que, segundo um primeiro relatório, precisaria de obras de reforço estrutural orçadas em 1,2 milhões de euros, tem afinal, de acordo com um segundo relatório, apenas "pequenos problemas", resolúveis com, no máximo, 200 mil euros.

"Até ao momento, nada ainda foi feito em termos de intervenção no edifício", disse hoje José Ferraz, o técnico que assina o relatório que atesta a segurança do imóvel.

A câmara entregou, esta sexta-feira, as chaves do edifício aos administradores do condomínio, pelo que a partir de agora os moradores podem regressar às suas casas.

"Não há risco absolutamente nenhum", assegurou o presidente da câmara, Miguel Costa Gomes (PS), expressando mesmo um "pedido de desculpas público" aos moradores, pelos transtornos sofridos com todo este processo.

Em Novembro de 2008, e na sequência de um relatório de um técnico da Universidade do Minho, que apontava para o perigo de derrocada do imóvel, a câmara, então presidida por Fernando Reis (PSD), mandou retirar as 34 famílias que lá viviam.

Esse relatório apontava para a necessidade de um reforço estrutural do edifício, num investimento que, segundo Costa Gomes, ascenderia a 1,2 milhões de euros.

O autarca acusou o anterior executivo de ter tratado deste dossiê "com ligeireza", ao optar logo pela evacuação antes de pedir outros pareceres, o que, sublinhou, "deveria ter feito, até pelo investimento em causa, incomportável para as famílias" que moram no prédio.

Depois de ganhar a câmara, Costa Gomes pediu novos pareceres, desta vez a técnicos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, tendo-se chegado à conclusão que afinal o edifício "apenas carece de pequenas intervenções", a nível do piso menos três.

Segundo José Ferraz, a intervenção será sobretudo de reforço estrutural a nível de elementos horizontais (vigas) da cobertura desse piso, cujo betão terá sofrido os efeitos "agressivos" de uma fossa séptica que servia o prédio e das águas residuais.

Orçada entre 150 e 200 mil euros e assumida pelo construtor do edifício, a intervenção nesse piso deverá começar na segunda-feira e durar cerca de um mês.

Miguel Costa Gomes congratulou-se com a "solução técnica encontrada" para o edifício, por ser "a mais justa, eficaz e segura, não acarretando também despesa para o município e para os moradores".

No entanto, "mais importante ainda, põe fim à angústia das famílias, reagrupando-as e restituindo-lhes a segurança e o conforto do lar, em especial nesta época natalícia", acrescentou.
A Câmara de Barcelos estava a apoiar as famílias desalojadas, atribuindo-lhe um subsídio mensal para o pagamento das rendas das casas provisórias dos moradores, num encargo mensal de perto de seis mil euros.

Até Dezembro de 2010, foi o Instituto da Segurança Social a suportar esses custos.

16-12-2011 - Jornal de Notícias

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