Jardim-de-Infância de Aldreu volta a vencer prémio de recolha de lendas tradicionais

O Jardim-de-Infância de Aldreu obteve, pelo segundo ano consecutivo, o 1.º Prémio do V Concurso de Recolha do Património da Tradição Oral Galego-Portuguesa, na Categoria Ensino Primário/Ensino Básico, com o tema “As Bibliotecas Vivas”.

Organizado pela “Associação Cultural e Pedagógica Ponte… nas Ondas” e a Universidade de Vigo, o concurso premeiou o trabalho “Entre o Traje Regional e a Lenda… um Livro Vivo: D. Gracinda - A Lenda da Pia de Santiago”, desenvolvido pelas crianças e educadores do Jardim-de-Infância de Boavista, Aldreu.

O trabalho recupera e reconstrói a lenda da pia que se encontra junto da igreja paroquial de Aldreu, a partir do relato oral de D. Gracinda. É um trabalho que envolve muito a população.

Por exemplo, o contributo do rancho folclórico local é importante na recolha de elementos caracterizadores de épocas passadas, como fotografias e imagens antigas dos trajes tradicionais, como explica Jorge Barbosa, educador e coordenador do projecto.

O Concurso é, também, parte integrante do projecto pedagógico do Jardim e base de participação noutros concursos a nível nacional, onde tem obtido excelentes resultados - sete prémios em dois anos.

Em 2010, o Jardim-de-Infância obteve 1.º prémio neste Concurso com “A Lenda Visigótica - Lovezendo e o Monge”, um trabalho de recolha da tradição oral baseado no depoimento oral do proprietário do Mosteiro de S. Salvador de Palme.

Depois de pôr em papel estas lendas, os alunos fazem uma dramatização da lenda.


A lenda da Pia de Santiago

Por volta do século XI, junto do Mosteiro de S. Salvador de Palme por passavam os peregrinos a caminho de Santiago de Compostela, existia uma velha sepultura em pedra, que recebia as águas da chuva. Os peregrinos e o povo diziam que aquelas águas eram milagrosas, pois curavam as feridas da viagem e as partes do corpo com enfermidades. Por isso começaram a chamar-lhe a Pia de Santiago.

No século XVI, a pia e a igreja de Aldreu foram transferidas para outro local, conhecido por Campo da Igreja Velha. Com o decorrer do tempo, a igreja entrou em ruínas, mas a velha pia continuava a chamar os visitantes e a ser objecto de adoração.

No século XIX, em 1862, quando se tentou mudar novamente a igreja para o sítio onde actualmente se encontra, um grupo de homens de Palme tentou levar a pia, mas nem o esforço de “mais de doze juntas de bois” conseguiu retirar a pia do seu lugar. No dia seguinte, uma simples junta de bois de Aldreu foi o suficiente para a levar. O dono dos bois só teve de dizer: “Anda pedrinha para junto do teu santo”. O povo da freguesia fez uma grande festa.
Uma outra história sobre a pia, conta que um casal vindo dos lados de Viana, verificou que a pia tinha pouca água. “Deve ser devido ao molhar de tantas mãos a pedirem a graça de uma bênção”, pensaram. Dali a instantes, verificaram que ao tocarem na água, a pia estava novamente cheia e perguntaram a uma velhinha que ali passava se lhes podia explicar o sucedido. “(Assim) acontece desde os meus tempos de meninice. Era eu deste tamanho e a água da pia nunca secava, subia e descia conforme as marés”. Ao contar isto, o casal pareceu ver, por instantes, a silhueta de um peregrino com manto, chapéu, cajado e cabaça. O casal ajoelhou-se e tocou a água milagrosa. Diz o povo que a senhora deixou no muro da igreja o belo e rico lenço do seu traje.

02-12-2011 - Correio do Minho

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